Crítica: Tulsa King

Tulsa King combina o carisma de Stallone com o roteiro redondo de Taylor Sheridan e gera uma série balanceada, interessante e divertida

4/5
Oz
Data de publicação.
11/09/2023
6 min
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Opinião
Contém Spoiler

Tulsa King é uma série estrelada por Sylvester Stallone (Rocky: Um Lutador) que conta a história de Dwight David “The General” Manfredi, um mafioso solto após cumprir 25 anos de prisão que é ostracizado pela ‘família’ Invernizzi ao ser enviado à cidade de Tulsa, em Oklahoma.

Com Taylor Sheridan (Yellowstone, 1883, Operação Lioness) como roteirista e Terence Winter (Família Soprano) como showrunner, a série da Paramount Plus possui 9 episódios e apenas uma temporada. Em dezembro de 2022 a Paramount anunciou a renovação da série para a 2ª temporada.

Além de Stallone, o elenco da série conta com Andrea Savage (Vice), Martin Starr (Samaritano), Jay Will (Evil: Contatos Sobrenaturais), Max Casella (Lista Negra), Domenick Lombardozzi (Vingança a Sangue-Frio), Garrett Hedlund (Tron: O Legado), Vicent Piazza (Boardwalk Empire – O Império do Contrabando), A. C. Peterson (I Know This Much Is True), Dana Delany (Tombstone: A Justiça Está Chegando), Chris Caldovino (Família Soprano), Ritchie Coster (Caçador de Recompensas), Dashiell Connery (Pandemic), Emily Davis (American Rust), Tatiana Zappardino (This Is Us), McKenna Quigley Harrington (Dead Connection) e Justin Garcia-Pruneda (Cold Turkey).

Após uma recepção fria após seu retorno, Dwight (Stallone) percebe que sua presença não é tão bem-vinda assim em Nova Iorque, e aceita a contragosto as recomendações da ‘família’.

A história de Tulsa King é contada através de duas vertentes: a primeira se concentra no estabelecimento de Dwight em Tulsa, suas atividades criminosas e a formação de novos aliados e inimigos. A segunda busca encontrar no passado e em suas conexões perdidas após 25 anos de cárcere, respostas para sua nova realidade. Aos poucos, essas duas vertentes vão convergir, coincidindo com o clímax da 1ª temporada.

Além disso, o roteiro da série trabalha de forma eficiente os anacronismos gerados naturalmente pela situação de Dwight, um mafioso old school que se vê perdido em um mundo cada vez mais moderno e repleto de regras difíceis de assimilar. Junta-se a isso a realidade de Tulsa, com costumes antiquados do campo e do interior norte-americanos e um passado com questões raciais fortíssimas. A série aborda tudo isso de forma sutil, e com uma pitada de humor na medida certa.

A figura de Stallone se encaixa perfeitamente nesse lugar, e sua atuação convence tanto nos momentos violentos quanto nos momentos emocionais. Sua persona transmite um peso ao personagem, e seu carisma ainda carrega nas costas qualquer produção em que o ator esteja envolvido.

No decorrer da temporada, vemos um cavalo branco andando a solta pela cidade de Tulsa. Pilot, como é chamado, é um cavalo velho e teimoso que possui uma personalidade forte e que não aceita viver sob a influência das amarras da sociedade. Prestes a ser sacrificado por causa das multas que gera a seu dono, Pilot acaba sendo salvo por Dwight, que enxerga a sí mesmo no impetuoso animal.

Pilot é a alegoria perfeita para a realidade de Dwight.

É preciso dar crédito ao roteiro de Sheridan, que também é responsável pela qualidade acima da média da obra, afinal, por melhor o projeto seja, um roteiro ruim pode arruinar qualquer produção. Além de misturar magistralmente as temáticas que a série propõe abordar, Sheridan envelopa os nove episódios da série na estrutura da jornada do herói, o que confere à produção uma estrutura narrativa familiar ao público ocidental.

Alguns poucos diálogos mal elaborados e uma situação questionável envolvendo a infiltrada de uma agente da ATF são os únicos defeitos dignos de nota no roteiro de Sheridan.

Ao final dos nove episódios, as ameaças locais são solucionadas, seu relacionamento com a filha é reestabelecido, mas Dwight se vê novamente sob as garras da justiça. Além disso, os amigos do passado se tornam inimigos, proporcionando a potencial ameaça principal da próxima temporada.

Tulsa King é como um delicioso prato feito por um grande chef: baseado em uma carne tradicional de primeira, com uma cobertura refrescante e contemporânea, acompanhamentos temáticos que enriquecem e complementam o sabor do conjunto, uma calda agridoce repleta de violência e sentimentos e um empratamento impecável graças ao carisma do ainda grande astro Sylvester Stallone.

Vocabulário
O clímax, numa narrativa, é o ponto alto de tensão do drama. Por definição o clímax ocorre a partir do desenvolvimento de um conflito, imediatamente antes do desfecho. É o momento mais perigoso do herói, a crise mais iminente do protagonista, o mais delicado ponto do conflito, onde não se sabe para que lado a história penderá.
Showrunner é o responsável pela condução de uma série. O showrunner é responsável por todos os aspectos inerentes a uma produção televisiva, incluindo a escolha de diretor, elenco, roteirista, etc. Suas escolhas dão coerência e ditam o tom da produção. Ao contrário do cinema, onde o diretor é a pessoa quem manda, na TV é o showrunner que tem todo o poder de decisão criativa e gerencial.
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03/01/2024