Crítica: The Miseducation of Lauryn Hill

A mistura explosiva de estilos que sacudiu o mercado musical

5/5
Oz
Data de publicação.
20/01/2023
3 min
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Opinião
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Me lembro bem quando ouvi pela primeira vez a voz inesquecível de Lauryn Hill. Doo Wop (That Thing) na MTV. Amor à primeira “vista”.

Não fui o único. The Miseducation of Lauryn Hill foi o primeiro álbum solo da cantora e compositora norte-americana Lauryn Hill, e também seu único álbum de estúdio.

A mistura explosiva, fruto da justaposição de velhas e novas escolas, tornou o disco único e insuperável, mesmo para Hill. Lançado em agosto de 1998 pela Columbia Records, o disco é marcado pela mescla de elementos musicais do hip hop, soul, jazz, música eletrônica, música gospel e reggae. Uma fórmula tão poderosa que posteriormente ajudou a definir o estilo chamado de neo soul.

O álbum estreou em primeiro lugar na Billboard 200 nos E.U.A. e vendeu cerca de 422.624 cópias em sua primeira semana. Sucesso de crítica e sucesso comercial, The Miseducation of Lauryn Hill conta com 14 faixas (mais 2 faixas bônus):

  • Intro
  • Lost Ones
  • Ex-Factor
  • To Zion
  • Doo Wop (That Thing)
  • Superstar
  • Final Hour
  • When It Hurts So Bad
  • I Used To Love Him
  • Forgive Them Father
  • Every Ghetto, Every City
  • Nothing Even Matters
  • Everything Is Everything
  • The Miseducation of Lauryn Hill
  • Can’t Take My Eyes Off You
  • Tell Him

Poderoso, repleto de energia e sentimento, The Miseducation of Lauryn Hill foi indicado a 10 categorias na 41ª Edição do Grammy Awards no ano de 1998, vencendo 5 delas: Album of the Year (o primeiro concedido ao um cantor de hip-hop), Best New Artist, Best Female R&B Vocal Performance, Best Rhythm & Blues Song e Best R&B Album.

Lauryn Hill na 41ª Edição do Grammy Awards.

O álbum, que conta com participações especiais como Carlos Santana, Mary J. Blige e D’Angelo, também faturou um o Billboard Music Awards em 1998 (R&B Album of the Year).

Entre grandes canções destacam-se:

“Doo Wop (That Thing)” é um alerta para os jovens adultos, especialmente as mulheres, a fim de que tenham cautela com os rapazes que estão à procura “daquilo”. A música fala sobre autopreservação e respeito próprio. “Nothing Even Mathers” é uma linda canção de amor, de devoção e de carinho, interpretada por Hill com a participação de D’Angelo. Já “Can’t Take My Eyes Off of You” é um remake da música de Frankie Valli e também fala de amor, porém com uma pegada mais alegre, dançante.

Hill critica figuras do universo musical em “Forgive Them Father”, Em “To Zion” homenageia seu filho e critica quem sugeriu o aborto. Fala sobre a inevitabilidade das mudanças, desabafa sobre um sistema projetado para fazer os negros perderem antes mesmo de começar, protesta, alerta, ama, inspira.

Suas experiências, qualidades, defeitos, vivências e personalidade estão impressas em cada segundo do álbum.

O que faz The Miseducation of Lauryn Hill perfeito não é a voz brilhante, condensada e suave de Hill, não são as magníficas participações, as batidas originais, os arranjos ou a produção impecável. É a originalidade, a vontade criativa, a energia imparável que, uma vez criada, ganha força como uma bola de neve, ultrapassando limites, arrebatando corações e deixando sua marca na história.

Vocabulário
Neo soul é um gênero de música criado pelo empresário da indústria musical, Kedar Massenburg, no final dos anos 90, para comercializar e descrever um estilo de música que surgiu do soul e do R&B contemporâneo. O neo soul se distingue por um som menos convencional do que o R&B contemporâneo com elementos incorporados do jazz, funk, hip hop, eletrônica, pop e música africana. O Neo Soul se desenvolveu durante a década de 1980 e o início da década de 90 nos Estados Unidos e no Reino Unido e ganhou sucesso no mainstream com o surgimento de expoentes como D’Angelo, Erykah Badu, Lauryn Hill e Maxwell.
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20/01/2023