Crítica: Devils’ Day Party

Romance dark de C.M. Stunich apresenta uma história surpreendente e emocionante

5/5
Brenda Brauner
Data de publicação.
20/03/2023
3 min
Este conteúdo está sujeito à opinião do autor.
Opinião
Contém Spoiler

C.M. Stunich (Caitlin Morgan) é autora de mais de trinta romances nos estilos romance, new adult, fantasia, young adult e bully romance. 

O livro Devils’ Day Party trata-se de volume único, no estilo bully romance e harém reverso.

A história do livro se passa em uma pequena cidade dos EUA, que possui uma escola particular de elite onde os ricos, políticos e famosos enviam seus filhos problemáticos para estudar. Karma Sartain, a personagem principal, é a única estudante pobre da escola que não possui problemas familiares.

A história é centrada na personagem principal, três garotos que praticam bully contra ela: Calix Knight, Raz Loveren e Barron Farrar, seus melhores amigos e familiares.

Claro que os personagens masculinos lembram muito outros personagens da mesma autora, como os da série Havoc e Adamson All-Boys Academy, mas isso não chega a ser um problema.

Karma possui duas irmãs mais novas e é filha de um casal lésbico, que ama muito suas filhas e são muito felizes sem dinheiro. Ela foi fruto de uma gravidez planejada assim como as irmãs (suas as mães se submeteram a inseminações artificiais de um mesmo doador) e o fato dela possuir essa família amorosa e feliz, mesmo sem dinheiro, deixa os outros alunos da escola em que estuda com inveja, o que faz com que eles descontem suas frustrações nela.

No início do livro ocorre um acidente de carro. Karma bate no carro de Calix, que está estacionado em um posto de gasolina, com seu carro velho e barato quando está a caminho da escola. Por algum motivo ela não se lembra quais as circunstancias do acidente.

É importante salientar que esse evento ocorre no dia Devil’s Day (que é uma festa semelhante o dia dos mortos), uma data comemorativa tradicional da cidade, conhecida por ser misteriosa e mística.

O dia de Karma, após o acidente de carro, segue normalmente. Somos apresentados aos demais personagens da publicação e a sua rotina. Durante as festividades do Devil’s Day, Karma sofre outro acidente de carro. Quando acorda, está na mesma situação em que estava quando a história se iniciou. É nesse momento que ela percebe que está revivendo o mesmo dia. Karma está presa em um loop temporal.

O Loop Temporal, mais conhecido como Dia da Marmota, é quando um personagem “revive” várias vezes em um intervalo X de tempo, o mesmo dia, ou dias, como acontece no famoso filme Feitiço do Tempo (Groundhog Day, 1993).

Dois paradoxos estão envolvidos neste cenário: o loop temporal em si que é inexplicável pelas leis da física, e o fato de que a protagonista mantém as memórias de cada ciclo do loop ao passo que os demais personagens não.


Nesta história, temos a personagem, dentro do loop, tentando entender como essa sua nova realidade funciona, o que desencadeou o loop e o que ela precisa fazer para sair dele. Além disso, a história descreve a evolução da personagem e o papel que ela exerce na vida dos que a cercam.

Karma começa analisar suas repetições, mapeando o que ocorre quando ela toma ações específicas. A medida em que ela vai conhecendo melhor os demais personagens e se relacionando com eles, ela descobre que o ódio que Calix, Raz e Barron sentem por ela, é na verdade paixão.

Sentimentos estão crescendo em Karma, porque aparentemente ela é a única que lembra de tudo. Mas descobrimos que não é bem assim. Baron, o artista do trio, possui um caderninho de desenho que sempre o acompanha e Karma descobre que este caderninho contém desenhos dela em todos os ciclos do loop que já aconteceram. Ou seja, o caderninho não se reinicia após o termino dos ciclos.

A autora também deixa outras pistas de que algumas informações estão sendo retidas em falas e ações de outros personagens.

Os rapazes possuem potencial para melhorar, Karma descobre isso conforme passa o dia com cada um individualmente, e isso realmente acontece, pois é no loop seguinte, que pequenas ações vão mudando, seja uma resposta menos agressiva, um pequeno gesto de carinho ou um olhar de preocupação. Ao mesmo tempo, a protagonista vai se apaixonando pelo trio e eles parecem ter menos receio em demonstrar a paixão que já possuíam por ela.

O envolvimento amoroso entre eles, que no início se dava de forma mais difícil, começa a ficar mais simples e fácil, mostrando que de alguma forma os loops anteriores deixaram alguma semente plantada.

Porém ao final de cada, uma variável nunca muda: alguém tem que morrer. Essas mortes criam um peso emocional muito grande em Karma. A autora desenvolve muito bem esta parte da trama, porque consegue transmitir aos leitores este peso emocional que Karma está carregando.

O livro realmente emociona.

Presenciar a morte de pessoas que são importantes para ela e acordar como se nada tivesse acontecido, começa a pesar em seu psicológico, ao ponto de Karma sentir a necessidade de aproveitar alguns momentos em família para colocar suas emoções no lugar com o intuito de analisar a situação em que se encontra de forma objetiva. Somente depois dessa folga é que Karma chega à conclusão do que deve ser feito para acabar definitivamente com o loop.

Não é uma decisão fácil, nem feliz. Devo admitir que nesse momento do livro, quando entendi o que ela iria fazer, partiu meu coração.

Foi difícil para mim como leitora decidir entre ler um possível final triste ou abandonar a leitura e fazer um final alternativo na minha mente.

Continuando a leitura, o que mais temia aconteceu, porém a autora foi muito generosa ao resolver o dilema de outra forma. Obrigada por isso.

Devils’ Day Party é um ótimo livro, entrega mais do que promete, tem uma trama bem desenvolvida e muito criativa. O loop temporal é uma ótima surpresa e os personagens realmente cativam e fazem você gostar deles e torcer por eles.

Tive uma enorme ressaca literária após terminar de ler Devils’ Day Party, e recomendo a leitura, vocês irão se encantar pela Karma.

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Críticas
20/03/2023