Após um hiato de 30 anos, Eddie Murphy (Um Príncipe em Nova York) finalmente retornou ao seu icônico papel como o policial mais problemático e gente boa de Detroit (e Beverly Hills): o famigerado Axel Foley.
Em uma Hollywood infestada pela cultura Woke, responsável pela destruição de várias franquias queridas para nerds nascidos nos anos 80 como Star Wars, Indiana Jones, Dr. Who, He-Man e tantas outras, quando Um Tira da Pesada 4: Axel Foley foi anunciado eu temi profundamente.
Felizmente, o 4º filme da franquia estrelada por Eddie Murphy não se comprometeu profundamente com os ditames dessa cultura tão nociva para a cultura POP, apesar de possuir algumas de suas principais características de forma mais ou menos diluída.
Além de Eddie Murphy, retornam à franquia Judge Reinhold como Billy Rosewood, John Ashton como Taggart, Paul Reiser interpretando Jeffrey Friedman e Bronson Pinchot como Serge, o que foi uma surpresa agradável.
Dirigido por Mark Malloy (Johnnie Walker: Where Flavour Is King) e roteirizaso por Will Beall (Aquaman), Tom Gormican (O Peso do Talento) e Kevin Etten (Ghosted), Um Tira da Pesada 4: Axel Foley começa quando a filha de Axel, Jane Saunders (Taylour Paige), agora atuando como advogada em Beverly Hills, sofre um atentado por estar defendendo Samuel Enriquez (Damien Diaz), um jovem acusado de matar um policial infiltrado chamado Copeland.
Avisado por Billy Rosewood, Foley parte para Beverly Hills. Jane, porém, não possui um bom relacionamento com o pai, a quem culpa por ter se afastado dela. Um clichê que traz consigo uma certa falta de originalidade por parte dos roteiristas. Aos poucos, é claro, esse relacionamento vai sendo trabalhado, como de praxe.
Billy, que estava atuando como detetive particular há algum tempo, acaba desaparecendo enquanto investigava o caso de Jane. Foley acaba tendo que se unir com a relutante Jane e com o detetive Bobby Abbott (Joseph Gordon-Levitt), que estava encarregado da investigação do caso pela polícia e que também possuia uma história pregressa com Jane.
Taggart agora é o delegado do departamento de polícia, e não acredita que o caso de Jane tenha algum mérito.
O roteiro do filme é simples, entregando o arroz com feijão que esperamos de um filme da franquia Um Tira da Pesada: Uma investigação policial que envolve Foley a um nível pessoal, um vilão bem posicionado socialmente e muita confusão. Funciona.
Algumas pontas, porém, poderiam ser melhor amarradas, como por exemplo o vilão da história, o capitão Cade Grant (Kevin Bacon), que acaba ficando sob a mira de Axel logo de cara por um motivo banal. Não só isso, Grant acaba mostrando estar envolvido no caso muito rapidamente, o que é um demérito para a história.
Sobre o elenco do longa, Taylour Paige é a única peça que me desagrada nesse tabuleiro, porém, muito pode se atribuir à falta de gravitas da atriz e também ao roteiro, que mostra uma adulta de 32 anos se comportando como uma menina emburrada e desagradável quando interage com Foley.
Preciso fazer uma observação sobre a atuação de Eddie Murphy, que ao meu ver perdeu um pouco do vigor, aparentando atuar de forma muito mais passiva do que costumávamos ver nos outros filmes da franquia. Essa falta de vitalidade também pôde ser vista em A Batalha de Natal (Candy Cane Lane, 2023), outro filme recente de Murphy. Nada muito grave, mas digno de nota.
A fotografia é perfeita, ao mesmo tempo em que segue o padrão estético atual de Hollywood, não parece assíncrona com relação aos outros três filmes da franquia, o que é um afago no coração dos oitentistas.
O mesmo se pode falar sobre a trilha sonora do longa, que, ao mesmo tempo em que se baseia na trilha clássica original, se adapta perfeitamente à indústria fonográfica atual.
Um Tira da Pesada 4: Axel Foley é um filme simples, descompromissado e divertido, que usa o poder da nostalgia positivamente sem puxar demais a corda a ponto de desgastar a fórmula tão bem estabelecida por Eddie Murphy e cia.
