Crítica: O Hobbit – Uma Jornada Inesperada

Mais um excelente filme dirigido por Peter Jackson

5/5
Oz
Data de publicação.
11/01/2023
1 min
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Opinião
Contém Spoiler

Em seu retorno à Terra Média, Peter Jackson repete com maestria o êxito que obteve com a trilogia de O Senhor dos Anéis. O Hobbit é sim uma obra de arte.

A escolha de começá-lo no Condado, com um rosto bem familiar: Bilbo Bolseiro (Ian Holm) e alguns minutos depois Frodo Bolseiro (Elijah Wood), foi incrivelmente inteligente, trazendo ao espectador uma certa familiaridade.

Estamos agora imersos na Terra Média.

Quão feliz não fiquei quando reconheci a antiga torre de vigia de Amon Sûl ou mesmo ao ver outros personagens conhecidos: Gandalf (Ian McKellen), Galadriel (Cate Blanchett), Elrond (Hugo Weaving), Gollum (Andy Serkis) e Saruman (Christopher Lee).

Os fãs de O Senhor dos Anéis com certeza irão se sentir em casa com este Prequel / Spin-off cinematográfico.

Muito se falou sobre os 48 FPS (frames por segundo), sobre a estranheza e até mesmo sobre as tonturas que causaram em algumas pessoas acostumadas com os 24 FPS habituais do cinema. De todos os pontos que devo criticar este com certeza não é um deles. Minha imersão foi mais intensa e proveitosa com toda a qualidade de imagem e toda fluidez apresentada no filme.

O elenco de O Hobbit é espetacular. A escolha dos anões não poderia ter sido melhor. Começamos conhecendo Dwalin (Graham McTavish). Logo em seguida Balin (Ken Stott) e depois Fili (Dean O’Gorman), Kili (Aidan Turner), Bifur (William Kircher), Bofur (James Nesbitt), Bombur (Stephen Hunter), Oin (John Callen), Gloin (Peter Hambleton), Dori (Mark Hadlow), Nori (Jed Brophy), Ori (Adam Brown) e Thorin (Richard Armitage). Este grupo de atores definitivamente dá vida ao filme.

Bilbo (jovem), interpretado por Martin Freeman, ator conhecido atualmente por seu papel como Dr. John Watson na série britânica Sherlock, acaba ficando na sombra desta horda de anões. Ainda que indispensável, seu papel não transmite a mesma simpatia que temos com Frodo, Sam, Merry e Pippin em O Senhor dos Anéis, acredito até que esta será uma das evoluções que veremos nos próximos 2 filmes de O Hobbit. A simpatia fica à cargo dos anões.

Acompanhamos no filme a jornada de Bilbo rumo ao desconhecido e sua transformação ao abandonar o conforto, a simplicidade e a vida regrada e sem surpresas do Condado. Essa transformação está sendo trabalhada em sua personalidade e aos poucos ele vai conseguindo se ajustar ao grupo devido a ela.

A fotografia, o vestuário, os cenários, a maquiagem e os efeitos especiais estão impecáveis. Um show de profissionalismo e zelo. É possível sentir o carinho com o qual a equipe de O Hobbit tratou cada cenário, cada armamento, cada detalhe.

Ainda assim, o filme apresenta alguns pontos que me fizeram sentir um pouco desconfortável. Foram três: o roteiro, o som e a iluminação. Sim, apesar de primoroso, em alguns momentos o filme sofre pequenos deslizes.

A iluminação, especialmente em cenas noturnas, apresenta um azulado muito artificial.

Esta artificialidade nos dá a impressão de que a seqüência está sendo obviamente gravada em um cenário controlado e indoor.

Algumas seqüências diurnas também pecam na iluminação, trazendo aquela sensação de “fundo verde”, (muito comum em cenas com explosões ou em conversas dentro de um carro em movimento), possivelmente resultado da dificuldade de se trabalhar com atores em sets separados para juntá-los na sala de edição.

Grandiosas e imponentes são as músicas feitas por Howard Shore, responsável também pelas músicas dos três filmes de O Senhor dos Anéis. Quando Bilbo aceita participar da aventura, porém, a trilha sonora que se segue soou tão estranha aos meus ouvidos que tive que rever o filme para entendê-la.

O diretor optou por dar à seqüência uma aura aventuresca, inocente e cômica, porém, a trilha sonora escolhida destoou tanto do filme que trouxe aquela impressão que praticamente todos os brasileiros da geração Y conhecem: a de estar assistindo a um filme da seção da tarde.

Já o roteiro toma algumas licenças poéticas que podem incomodar os mais atentos. A forma pouco convincente com que Bilbo ingressa nesta aventura de vida ou morte e a fuga espetacular da cidade dentro da montanha são dois exemplos. Esta segunda parecendo extraída de um dos filmes do Indiana Jones numa clara tentativa de fazer os investimentos com o 3D valerem à pena. Apesar de inverossímil, a seqüência empolga e diverte. Nota-se aqui que Peter Jackson pôde incorporar muito do que aprendeu com as filmagens de As Aventuras de Tintim e King Kong.

Cenas como a guerra de trovões não devem nada à nenhum Transformers, Furia de Titans ou Godzila em magnitude e escala.

Independente de seus parcos problemas, me vi suando as mãos e com os pés inquietos de tensão em várias seqüências do filme, o que me causou uma certa alegria quando pude racionalizar sobre os motivos destas reações físicas.

Mesmo com toda a excelência técnica, o coração do filme está realmente na empatia que sentimos ao descobrir os motivos que levam a comitiva de anões à sua aventura. A excelente forma com que o MacGuffin do filme nos é apresentado inevitavelmente faz com que nos sensibilizemos com Thorin e seus amigos, afinal, a busca pelo lugar ao qual podemos chamar de lar é de fato comum a todos nós.

Em suma, um filme que merece sua classificação 5 estrelas.

O Hobbit – Uma Jornada Inesperada é, de fato, uma obra prima da sétima arte magistralmente conduzida e repleta de sentimento, tensão, humor, ação e uma atmosfera incrivelmente encantadora.

Vocabulário
Quadros Por Segundo (abreviado como qps) (em inglês Frames per second, abreviado como fps) é a unidade de medida da cadência de um dispositivo audiovisual qualquer, como uma câmara de cinema ou vídeo, uma webcam, um projetor cinematográfico ou de vídeo, etc. Significa o número de imagens que tal dispositivo registra, processa ou exibe por unidade de tempo.
Interno, interior, coberto, fechado.
Termo inicialmente utilizado pelo cineastra Alfred Hitchcock para definir o fator que motiva o protagonista (ou antagonista) e pelo qual ele sacrificaria qualquer coisa para perseguir, proteger ou controlar.
Seqüência literária, dramática ou cinematográfica que precede a trama de seu original.
Refere-se a algo que foi derivado de outra coisa anterior àquela. Na mídia o termo é utilizado para indicar uma franquia criada a partir de uma outra, geralmente de grande sucesso, ou ainda, títulos da mesma franquia, mas com histórias ou até personagens diferentes, tendo relação parcial ou nula um com o outro. Better Call Saul é um Spin-Off de Breaking Bad. Outro exemplo de Spin-Off é House of The Dragon, série derivada de Game of Thrones.
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Críticas
28/07/2024