Django Livre (Django Unchained no original estadunidense) é um filme dirigido e roteirizado por Quentin Tarantino, conhecido pelo público em geral como o diretor de Kill Bill, Bastardos Inglórios e Pulp Fiction. A obra de 165 minutos é uma aventura do gênero western que conta a história de Django Freeman (Jamie Foxx) e sua jornada em busca de sua amada Brunhilde von Shaft (Kerry Washington).
A história começa no estado americano do Texas com Django sendo liberto pelo caçador de recompensas Dr. King Schultz (Christoph Waltz) com o intuito de ajudá-lo a reconhecer 3 irmãos foragidos da lei (os irmãos Brittle) que estão escondidos em algum lugar na cidade de Gatlinburg, no estado americano do Tennessee.
Dr. Schultz descobre que Django possui um amor, Brunhilde, e que pretende resgatá-la.
Sendo Brunhilde um nome alemão muito conhecido através de lendas e poemas como a Saga dos Volsungos, a Edda poética, a Canção dos Nibelungos e da obra O Anel do Nibelungo (um conjunto de quatro óperas épicas de Richard Wagner), Dr. Schultz se sente impelido por questões morais a ajudar Django em sua busca.
Posteriormente eles descobrem que Brunhilde foi vendida para Calvin Candie (Leonardo DiCaprio), um cruel fazendeiro dono da 4ª maior plantação de algodão do Mississippi e proprietário do rancho Candyland. Após um inverno lucrativo, a dupla parte finalmente para Greenville (localizada no condado de Chickasaw no Mississippi) com um plano para resgatá-la.
O filme conta com a participação inspirada de Samuel L. Jackson, que surpreende ao se esforçar na construção de um personagem denso e com uma personalidade habilmente trabalhada em camadas interessantíssimas. Aliás, todo o elenco principal atua muito bem, em parte pelas falas criativamente construídas.
É possível fazer alguma comparação entre os personagens Dr. King Schultz e Col. Hans Landa, este último também interpretado por Christoph Waltz no filme Bastardos Inglórios (Inglourious Basterds) de 2009. Porém, ao analisar ambos os personagens, percebe-se que Tarantino inseriu deliberadamente semelhanças no perfil do Dr. Schultz para extrair exatamente o mesmo teor qualitativo que consagrou Waltz em Bastardos Inglórios.
O filme de 2009 rendeu ao ator dezenas de prêmios tais como: Oscar, Austin Film Critics Award, BAFTA Film Award, Bambi, BSFC Award, Critics Choice Award, Cannes Film Festival, COFCA Award, CFCA Award, DFWFCA Award, Empire Award, FFCC Award, Golden Globe, Hollywood Film Award, KCFCC Award, Sierra Award, ALFS Award, LAFCA Award, NSFC Award, NYFCC Award, OFCS Award, PFCS Award, Romy, SDFCS Award, Satellite Award, Screen Actors Guild Awards, SEFCA Award, TFCA Award, VFCC Award e WAFCA Award.
Waltz, como não poderia deixar de ser, venceu meia dúzia de prêmios (Oscar, Austin Film Critics Award, BAFTA Film Award, COFCA Award, Golden Globe e SDFCS Award) com sua competente atuação em Django.
Não só ele como Samuel L. Jackson (Black Reel Awards, Image Award e MTV Movie Award) e Leonardo DiCaprio (NBR Award) colheram frutos com o resultado de suas interpretações na obra de Tarantino.
A cenografia, as locações, a iluminação e a fotografia são maravilhosas e não deixam nada a desejar. O único item que realmente incomoda é a escolha da trilha sonora, extravagante ao melhor estilo Quentin Tarantino.
É claro que, em defesa do diretor, pode-se argumentar que o filme é uma homenagem ao gênero e não um genuíno filme western, não havendo, portanto, a necessidade de fidedignidade. Para mim, porém, parece-me que o tom escrachado das obras de Tarantino visam de certa forma afastar quaisquer tentativas de uma análise crítica minuciosa, uma vez que está implícito que não se deve levá-las tão a sério.
Litros de sangue, vingança, humor e uma trilha sonora exótica são a alma da receita que dá o clima cartunesco típico das obras do diretor.
Impossível não imaginar que com um pouco menos de “estilo”, o tom e até mesmo a proposta do filme seriam significativamente alteradas, acredito eu, para melhor.
Tarantino repete a fórmula de Kill Bill e Bastardos Inglórios e apresenta uma obra muito bem ambientada com inspiradas interpretações. Um ótimo entretenimento.